Loucura e Literatura: transgressões da linguagem e jogos de Amarelinha
Resumo
O presente trabalho pretende discutir a relação entre loucura e literatura como modos de transgressão da linguagem. A loucura é a linguagem excluída da sociedade, por excelência, perpassando os domínios associados à sexualidade, ao discurso, ao trabalho e aos eventos sociais em geral. Na modernidade, ela assume seu caráter de doença mental submetida ao poder psiquiátrico, distanciando-se de sua dimensão trágica, tal como lhe era possível anteriormente. A literatura, portanto, é um espaço em que a loucura pode resgatar sua experiência trágica e distanciá-la do caráter patológico. A partir das discussões entre Nietzsche, Foucault e outros autores, traçamos os movimentos de captura e transgressão que se configuram nestes espaços. Percorrendo tais leituras, deslumbramos ao horizonte de nosso texto, a obra de Cortázar, O jogo da amarelinha, e reiteramos estes espaços em que se aproximam a loucura e literatura trazendo a questão da linguagem e seus desmoronamentos na obra.
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