Brincar, educar e investir na infância: biopolítica como investimento no capital humano

Daniele Vasco Santos, Flavia Cristina Silveira Lemos, Rafaele Aquime Habib, Mariane Bittencourt Couto

Resumo


O artigo apresenta uma análise do brincar, da brincadeira e do brinquedo na esfera da biopolítica. Salienta a utilização instrumental do lúdico com o objetivo de formar crianças em infância. Problematiza-se a apropriação do brincar e do brinquedo na mediação do processo de desenvolvimento das crianças, tendo em vista, transformar corpos e conhecimento em capital humano. A educação se torna investimento e as crianças matéria de adequação social, uso político e instrumento de lucro, em uma sociedade neoliberal. Essas práticas são sustentadas por saberes e poderes, os quais psiquiatrizam e psicologizam a existência. A ação sobre o desenvolvimento é uma prática recorrente na medicalização da criança, na figura da infância, criada historicamente.


Palavras-chave


Capital humano; Brincar; Educação; Biopolítica; Infância.

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