Prisão, delinquência e subjetividade
Resumo
Nosso artigo tem por objetivo colocar em análise a ideia da prisão enquanto fábrica de delinquentes, bem como, pensar como o dispositivo prisional potencializa a fabricação social de seres humanos refugados, isto é, lixo humano descartável. Como sustenta Flauzina (2008), o sistema penal brasileiro possui, desde sua gênese histórica, fortes traços genocidas. Os corpos que caem, alvejados pela violência do Estado, são, em sua maioria, negros e pobres. Entendemos ser a produção de vidas refugadas um dos efeitos das relações de poder que atravessam a dinâmica de funcionamento da sociedade capitalista. Neste contexto, é a prisão um dos mais potentes dispositivos produtores de vidas desperdiçadas. Para o desenvolvimento de nosso texto, fizemos uso, principalmente, da obra de Michel Foucault, entre outros autores.
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PDFReferências
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