Vidas reduzidas à doença mental e a transversalização da clínica

Regina Longaray Jaeger, Tania Mara Galli Fonseca

Resumo


Durante a experiência de formação em serviço em Residência Multiprofissional em saúde mental coletiva realizada em dois serviços especializados em saúde mental encontramos uma mesma questão: muitos usuários recusam-se a sair destas instituições. Vidas reduzidas às instituições especializadas entendem que dificilmente conseguirão estabelecer novas relações com outros espaços institucionais que não seja pelo assujeitamento à doença mental. Neste estudo, colocamos em análise modelos e práticas atuais vivenciados neste no campo da saúde mental coletiva. Afirmamos a necessidade de produzir novos arranjos, novas articulações que potencializem novas saídas subjetivantes dos denominados doentes mentais. Salientamos a proposta da transversalização da clínica, que envolve aberturas para o inusitado, para atravessamentos desestabilizadores de saberes no cotidiano de nossas práticas. Resta saber se estamos dispostos a discutir nossos lugares instituídos.


Palavras-chave


Instituições; genealogia; transversalidade

Texto completo:

PDF

Referências


CECCIN, R.; FEUERWERKER, L. O quadrilátero da formação para a área da saúde: ensino, gestão e controle social. Physis, Rio de Janeiro, v.14, n.1, p. 41-65, 2004.

BARROS, R.; PASSOS, E. A construção do plano da clínica e o conceito de transdisciplinaridade. Psic.: Teoria e Pesquisa, Brasília, v.16, n.1, p.71-79, 2000.

BASAGLIA, R. A instituição negada. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

CAMPOS, R. Clínica: a palavra negada-sobre as práticas clínicas nos serviços substitutivos de saúde mental. Revista Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v.25, n.58, p. 98-111, mai/ago, 2001.

DELEUZE, G.; PARNET, C. Diálogos. São Paulo: Escuta, 1998.

FOUCAULT, M. Table ronde du 20 mai 1978. In: ______. Dits et écrits (1954-1988). Paris: Gallimard, v.4, 1994, p.20-34.

FOUCAULT, M. El poder psiquiátrico-Curso em el Collège de France (1973-1974). Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 2007.

GUATTARI, F. Les Anneés d`Hiver. Paris: Barrault, 1986.

LEAL, E.; DELGADO, P. Clínica e Cotidiano: o CAPS como dispositivo de desinstitucionalização. In: PINHEIRO, P. (Org.). Desinstitucionalização da saúde mental: contribuições para estudos avaliativos. Rio de Janeiro: CEPESC/ABRASCO, 2007, p.137-154.

MEHRI, E. A narrativa do sofrimento, a seleção de evidencias na clínica e a formação das profissões em saúde. Palestra proferida no 9º Congresso da Rede Unida. Saúde é construção da vida no cotidiano: educação, trabalho e cidadania. Porto Alegre: UFCSPA, 2010.

MEHRI, E. Mesa de abertura da 6 ª Conferência Municipal de Saúde. Porto Alegre: Auditório da PUCRGS, 2011.

RIO GRANDE DO SUL. Portaria nº 16/1999. Boletim da Saúde, Rio Grande do Sul,.v.14, n.1, p.179-181, 1999-2000.

ROTELLI, F.; LEONARDIS, O.; MAURI, D. Desinstitucionalização. São Paulo: Hucitec, 2001.