Ao que devemos estar atentos? Elogio à distração?

Pedro Sobrino Laureano

Resumo


O objetivo deste artigo é problematizar o uso crescente, no mundo contemporâneo, do fármaco Ritalina, concomitante ao crescimento do diagnóstico de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Buscamos questionar porque, então, a distração e a hiperatividade constituem um problema para a subjetividade atual. Encontramos em autores como Freud, Bergson, Deleuze e Foucault uma caracterização da subjetividade e da sociedade que permite pensarmos a distração como criação subjetiva. Neste sentido, a subjetividade se produziria no intervalo mesmo entre um estímulo externo e a ação imediata, necessitando de um tempo de espera para se constituir.  Tempo este que se encontraria cada vez mais encurtado, na atual sociedade de controle.

 


Palavras-chave


Distração; subjetividade; sociedade de controle

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