Razão de Estado e Estado de Exceção: uma análise foucaultiana

Pablo Severiano Benevides

Resumo


Este trabalho pretende uma análise da noção de governo, tal como posta nos séculos XVI e XVII, período compreendido como passagem da Idade Média à Modernidade. De forma específica, analisamos o problema da multiplicação das práticas de governo e o modo passaram, sob o signo de uma Arte de Governar desvinculada de qualquer elo transcendente ou cosmológico, a integrar a Razão de Estado. Esta, composta por um conjunto de práticas de governo, será analisada em sua especificidade concreta: as Disciplinas, a Biopolítica, o Mercantilismo, o Estado de Política, o Golpe de Estado, dentre outras. Uma vez que apresentam uma aparente similitude à noção de Estado de Exceção, buscamos examinar de perto essa noção, contrapondo a análise de Foucault – que indica uma exterioridade da Razão de Estado em relação à Lei – às perspectivas de Mbembe, Agamben e Schmitt, que definem o Estado por sua relação com a Lei e seu Negativo.  


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Referências


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