Por uma estética da existência grega na atualidade

Ricardo Augusto Chaves de Oliveira, Clara Virgínia de Queiroz Pinheiro

Resumo


Baseado numa compreensão de sujeito ético de Foucault, organizada em reação às características dominantes da conjuntura subjetiva da Modernidade, investiga-se, também com base nesse pesquisador, as lógicas subjetivas de teor grego-clássico (século IV a.C.) e cariz moderno (séculos XIX e XX), num itinerário conhecido como arquegenealógico. Ao percorrer essas épocas, encontra-se nelas o seguinte espírito: ética grega – sujeito que exerce, sempre, preferencialmente, a sua necessidade dominante, num determinado instante e em certa situação; ética moderna liberal – sujeito que pratica, sem cessar, primariamente, uma restrição rigorosa de si mesmo, visando a sua anulação. Neste artigo, após considerar essas subjetividades, se concebem alguns elementos subjetivos da ética clássica que podem ser pensados, de modo adaptado, em uma estética da existência na atualidade moderna, problematizando profundamente esta realidade. Isto porque os princípios clássicos são aparentados ao olhar de sujeito ético de Foucault, e, igualmente, como esse olhar, são interessantes para o presente.


Palavras-chave


michel foucault; ética; atualidade

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