Ergonomia, psicodinâmica e riscos
Resumo
O objetivo do presente artigo é discutir a possibilidade de integração da Ergonomia da Atividade e da Clínica Psicodinâmica do Trabalho para compreender, avaliar e mitigar os riscos psicossociais do trabalho. Entende-se por riscos psicossociais ocupacionais a probabilidade de exposição do trabalhador a um evento capaz de gerar danos negativos à sua saúde. Foi então procedida uma pesquisa, de abordagem qualitativa, caracterizada como bibliográfica, tomando como fontes livros, artigos e documentos legais. Conclui-se que a Ergonomia da Atividade, juntamente com a Clínica Psicodinâmica do Trabalho, pode alavancar os estudos dos riscos psicossociais ocupacionais, ampliando as chances de transformação das organizações do trabalho em benefício à saúde do trabalhador e, por consequência, a ela própria.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO. Riscos psicossociais e estresse no trabalho. Disponível em: . Acesso em: 25 Nov. 2015.
ASSUNÇÃO, A. A.; LIMA, F. P. A. Aproximações da ergonomia ao estudo das exigências afetivas das tarefas. In: GLINA, D. M. R.; ROCHA, L. E. (Org.). Saúde mental do trabalho: da teoria à prática. São Paulo: Roca, 2010. p. 210-228.
BARUKI, L. V. Riscos psicossociais e saúde mental do trabalhador: por um regime jurídico preventivo. São Paulo: LTr, 2015.
BRASIL. Instituto Nacional do Seguro Social. Instrução normativa INSS/DC n. 98 de 05 de dezembro de 2003. Diário Oficial da União de 10/12/2003. Disponível em: . Acesso em: 24 jan. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 9 Programa de prevenção de riscos ambientais. Portaria MTE n.º 1.471, de 24 de setembro de 2014. Disponível em:
http://www.mtps.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR-09atualizada2014III.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR 17 - ergonomia. Portaria SIT n.º 13, de 21 de junho de 2007. Disponível em: . Acesso em: 27 dez. 2015.
COX, T.; GRIFFITHS, A. The nature and measurement of work-related stress: theory and practice. In: WILSON, J. R.; CORLETT, N. (Eds.). Evaluation of human work. 3rd. ed. London, UK: CRS Press, 2005. p. 553-571.
DEJOURS, C. Análise psicodinâmica das situações de trabalho e sociologia da linguagem. In: LANCMAN, S.; SZNELWAR, L. I. (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; Brasília: Paralelo 15, 2008, p. 245-289.
DEJOURS, C. Trabalho Vivo: trabalho e emancipação. Tomo II. Tradução: Franck Soudant. Brasília: Paralelo 15, 2012.
FERREIRA, M. C. Interfaces entre a psicodinâmica do trabalho, a sociologia clínica e a ergonomia da atividade: a face da ergonomia da atividade. In: MENDES, A.M.; MERLO, A. R. C.; MORRONE, C. F.; FACAS, E. P. (Orgs.). Psicodinâmica e clínica do trabalho: temas, interfaces e casos brasileiros. Curitiba: Juruá, 2012. p. 193-216.
FERREIRA, M. C. Ergonomia da atividade. In: VIEIRA, F. O.; MENDES, A. M.; MERLO, A. R. C. (Orgs.). Dicionário crítico de gestão e psicodinâmica do trabalho. Curitiba: Juruá, 2013. p. 135-142.
FERREIRA, M. C.; MENDES, A. M. B. Trabalho e riscos de adoecimento: o caso dos auditores fiscais da Previdência Social brasileira. Brasília-DF: Edições Ler, Pensar, Agir (LPA), 2003.
FISCHER, F. M. Relevância dos fatores psicossociais do trabalho na saúde do trabalhador. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 46, n. 3, p. 401-416, jun. 2012.
GONÇALVES, R. M. A.; LACMAN, S.; SZNELWAR, L. I.; CORDONE, N. G. C.; BARROS, J. O. B. Estudo do trabalho em Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Revista Brasileira Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 40, n. 131, p. 59-74, jun. 2015.
GUIMARÃES, L. A. M. Fatores psicossociais de risco no trabalho. In: FERREIRA, J. J. (Coord.). Saúde mental no trabalho: coletânea do Fórum de Saúde e Segurança no Trabalho do Estado de Goiás. Goiânia: Cir Gráfica, 2013. p. 273-282.
GUIMARÃES, M. C.; BRISOLA, M. V. A ergonomia da atividade e sua contribuição ao desenvolvimento rural. Revista Sociedade e Desenvolvimento Rural, Brasília, v. 7, n. 1, jan. 2013.
HELOANI, J. R. Saúde mental no trabalho: algumas reflexões. In: MENDES, A. M. (Org.). Trabalho e saúde: o sujeito entre emancipação e servidão. Curitiba: Juruá, 2011. p. 153-168.
INSTITUTO SINDICAL DE TRABAJO AMBIENTE Y SALUD (ISTAS). Organización del trabajo, salud y riesgos psicosociales: guía del delegado y delegada de prevención. Barcelona: Paralelo Edición, 2006. Disponível em:< http://www.istas.net/web/abreenlace.asp?idenlace=2616> Acesso em: 20 Jul. 2015.
JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
KOGIEN, M.; CEDARO, J. J. Pronto-socorro público: impactos psicossociais no domínio físico da qualidade de vida de profissionais de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 22, n. 1, p. 51-58, jan-fev. 2014.
LEROUGE, L. Risques psychosociaux au travail: étude comparée Espagne, France, Grèce, Italie, Portugal. Paris: L'Harmattan, 2009.
MACÊDO, K. B. A sublimação e a transformação do sofrimento em prazer: a lente da psicanálise e da psicodinâmica do trabalho. In: MACÊDO, K. B. (Org.). O diálogo que transforma: a clínica psicodinâmica do trabalho. Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2015. p. 95-134.
MENDES, A. M. Pesquisa em Psicodinâmica: A Clínica do Trabalho. In: MENDES, A. M. Psicodinâmica do Trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
MARTINS, S. R. Subjetividade (intersubjetividade). In: VIEIRA, F. O.; MENDES, A. M.; MERLO, A. R. C. (Orgs.). Dicionário crítico de gestão e psicodinâmica do trabalho. Curitiba: Juruá, 2013. p. 433-438.
NOUROUDINE, A. Risco e atividades humanas: acerca da possível positividade aí presente. In: FIGUEIREDO, M. et al. (Org.). Labirintos do trabalho: interrogações e olhares sobre o trabalho vivo. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. p. 37-62.
ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL DEL TRABAJO. Riesgos emergentes y nuevos modelos de prevención en un mundo de trabajo en transformación - 2010. Disponível em: . Acesso em: 07 jul. 2015.
PIZO, C. A.; MENEGON, N. L. Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico do conhecimento gerado. Produção, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 657-668, out-dez. 2010.
PORTO, M. F. S. Análise de riscos nos locais de trabalho: conhecer para transformar. Cadernos de Saúde do Trabalhador. São Paulo: Kingraf, 2000.
PSYCHOSOCIAL RISK MANAGEMENT EXCELLENCE FRAMEWORK. Orientações do modelo europeu para a gestão de riscos psicossociais: um recurso para empregadores e representantes dos trabalhadores. Tradução: Serviço Social da Indústria Departamento Nacional. Brasília: SESI, 2011.
RUIZ, V. S.; ARAUJO, A. L. L. Saúde e segurança e a subjetividade no trabalho: os riscos psicossociais. Revista Brasileira Saúde Ocupacional., São Paulo, v. 37, n. 125, p. 170-180, jan-jun. 2012.
SERAFIM, A. C.; CAMPOS, I. C. M.; CRUZ, R. M.; RABUSKE, M. M. Riscos psicossociais e incapacidade do servidor público: um estudo de caso. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. 3, p. 686-705, 2012.