Psicologia e as tramas do social no contemporâneo

Jose Sterza Justo, Raphael Rodrigues Sanches, Adriano da Silva Rozendo

Resumo


Ao longo do seu desenvolvimento como ciência moderna, a psicologia realizou inserções sociais diversas, ora assumindo uma feição crítica e contestadora, ora assumindo posições e papeis conservadores, alinhados a forças dominantes e a poderes estabelecidos. Contudo, se em outros tempos era mais simples identificar tais posicionamentos políticos e funções sociais, hoje a complexidade do panorama sócio-político assim como dos conhecimentos científicos e das práticas profissionais tornam essa tarefa bastante difícil, contudo necessária. O presente artigo se propõe a examinar os lugares e as funções sociais da psicologia, tentando compreendê-la no emaranhado das tramas sociais nas quais é envolvida e ajuda construir, muitas vezes, como protagonista principal. Para tanto, são realizadas análises de alianças e articulações recentes da psicologia com o Estado e suas políticas de governo, baseadas em autores e teorias que tratam criticamente das formas de constituição do sujeito e de produção de subjetividade.


Palavras-chave


psicologia; sociedade; contemporâneo

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