O Brasil de Bolsonaro: psicologia das massas e fascismo

Fernando Gigante Ferraz, Yure Lima da Silva, Renata Loyola Prata, Luana Silva Teles

Resumo


O texto tem como objetivo aproximar o bolsonarismo do conceito de “massa psicológica” desenvolvida por Sigmund Freud e ampliada por Theodor Adorno. Para tanto, inicialmente estuda-se dois textos de Freud que se relacionam no tratamento do problema: Totem e tabu (2012 [1913]) e Psicologia das massas e análise do eu (2011 [1921]). Em seguida, apoiado em Adorno (2015a [1946]; 2015b [1951]), sustenta-se que as massas fascistas são compostas pelo uso da propaganda e métodos organizacionais que ativam o narcisismo e potências inconscientes, fazendo com que seus seguidores defendam interesses contrários ao próprio indivíduo e a sua classe. Na última parte do texto, na tentativa de traçar, em termos Foucaultianos (2001b[1976-1988]), uma ontologia do presente, desenvolve-se a ideia de que o movimento bolsonarista caracteriza-se como uma massa fascista, tal como foi estabelecida teoricamente nas partes anteriores.


Palavras-chave


fascismo; bolsonarismo; psicologia das massas.

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Referências


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