Cinema à cor da pele: fruições, subjetividades e pulsão palmarina

Marco Aurelio Correa

Resumo


Partindo de nossas condições sensíveis, exploraremos nesse texto de que maneira os sentidos estão envolvidos na fruição cinematográfica de pessoas negras e como estas estesias reverberam em suas subjetividades instigando um cenário de mudanças. Para compreender estas vibrações subjetivas mergulharemos nos clássicos estudos sobre a psiquê negra com Frantz Fanon (1968; 2008) e as autoras que deram continuidade de certa forma nos seus estudos, Neusa Souza (1983), Isildinha Nogueira (1998) e Grada Kilomba (2010). Tecendo também com Tânia Rivera (2008) e suas interpretações psicanalíticas para tentar tecer relações entre psicanálise, cinema e raça. Navegando por produções contemporâneas encontramos como estas narrativas negras criam um sentido de comunidade, impulsionando as subjetividades negras do trauma do tronco (SILVA e FIGUEIREDO, 2020) à pulsão palmarina (NOBLES, 2009).


Palavras-chave


cinema negro; subjetividade; pulsão palmarina.

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