Corpo-Bicicleta-Cidade

Leandro Carmelini, Danichi Hausen Mizoguchi

Resumo


Este trabalho tem por objetivo relacionar a experiência de pedalar na cidade e o paradigma moderno de circulação urbana. Partimos do pressuposto de que os modos de circulação e os sistemas de transporte se configuram como importantes elementos histórico-políticos das cidades – disputados pelo Estado, pelo mercado e pelos corpos urbanos – e que participam direta e profundamente dos processos de espacialização e subjetivação. Após apresentarmos alguns usos mais identitários da bicicleta – dos quais buscamos nos afastar nesta análise, por entendermos que são, em diferentes graus, estatutários de uma tradição moderna –, elencamos três elementos do pedalar contemporâneo que pensamos indicar uma outra política da circulação, mais aberta e conectada à intempestividade das cidades: abertura sensitiva, estrangeirismo territorial e celeridade do movimento.


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