Feiras livres, interseccionalidades e seus rebatimentos na saúde mental

Sheslane Maria da Silva Primo, Lázaro Batista

Resumo


Trata-se de estudo que se voltou ao conhecimento de algumas das condições de saúde mental e psíquica de feirantes do agreste de Alagoas. O estudo tomou como elemento de partida o reconhecimento das feiras livres como expressões socioculturais ainda hoje muito presentes no cotidiano das cidades nordestinas, justapondo esse elemento de regionalidade a outros marcadores sociais como relações de gênero, raça e classe. Trata-se de pesquisa quanti-quali, de caráter exploratório, que abarcou como procedimentos a observação participante e posterior aplicação de instrumentos de rastreio para uso abusivo de álcool e transtorno mental comum (TMC) junto a uma amostra não-probabilística. Como resultados, aponta-se para o modo como as interseccionalidades percebidas na feira produzem formas singulares e muitíssimo frequentes de vivência de adoecimento e sofrimento psíquico, com o trabalho de feirante sendo ainda mais um elemento de impacto sobre os sujeitos. 

Palavras-chave


feiras livres, interseccionalidade, saúde mental

Texto completo:

PDF

Referências


ALBUQUERQUE JR., Durval. M. A Invenção do nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 2011.

BATISTA, L., GUIMARÃES, M. L. P., & BAÚ, A. C. Feiras, limiares e fronteiras: entre regulamentações biopolíticas e astúcias cotidianas. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 13(4), 2018, p. 01-12. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ppp/v13n4/08.pdf. Acesso em: 12/08/2023.

BRASIL. Ministério da Justiça. Intervenção Breve: módulo 4. Brasília: SENAD, 2014.

BRUNORI, A. et al. Prevalence and risk factors of psychiatric symptoms and diagnoses before and during the COVID-19 pandemic: findings from the ELSA-Brasil COVID-19 mental health cohort. Psychological Medicine, 53(2), April 2021. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/psychological-medicine/article/abs/prevalence-and-risk-factors-of-psychiatric-symptoms-and-diagnoses-before-and-during-the-covid19-pandemic-findings-from-the-elsabrasil-covid19-mental-health-cohort/CD2CA7F817D2C631F919FA1562BD97C2#article. Acesso em 05 set 2023.

CAPISTRANO, A. B. P et al. Caminhos em saúde mental – 2021. E-book. Instituto Cactus, 2021. Disponível em: https://institutocactus.org.br/wp-content/uploads/2022/02/LivroDigital_CaminhosSaudeMental_Final.pdf. Acesso em 05 set 2023.

CIAMPA, A. C. Políticas de Identidade e Identidades Políticas. In: DUNKER, C. I. L.; PASSOS, M. C. (Org.). Uma Psicologia que se interroga: ensaios. São Paulo: Edicon, 2002, p. 133-144

CISA - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2023. Online. Disponível em: https://cisa.org.br/images/upload/Panorama_Alcool_Saude_CISA2023.pdf?utm_source=sitecisa&utm_medium=cpc&utm_campaign=panorama_2023&utm_id=panorama2023&utm_term=panorama%2Bsaude%2Balcool&utm_content=btnlink. Acesso em 29 de agosto de 2023.

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2020.

VASCONCELOS, I, COSTA, E. Gênero e Raça: Dominação, Resistências e Pressupostos Teóricos. Textos & Debates, Boa Vista-RR, 27(2), p, 247-488 2015.

CRENSHAW, K. A Intersecionalidade na Discriminação de Raça e Gênero. In: Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 177-182, 2002. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/8794. Acesso em: 10 mar. 2023.

DANTAS, G. P. G. Feiras no Nordeste. Revista Mercator, v. 20, n. 1, p. 91-106, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.4215/RM2021.2001.0006. Acesso em: 10 mar. 2023.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez Oboré, 1992.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

HAMES, G. Alcohol in World History. London and New York: Routledge, 2012.

MASSUD, M., BARBOSA, G. A., GOUVEIA, V. Indicadores de saúde mental. In: BARBOSA, G. et al (Orgs.). A saúde dos médicos no Brasil. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2007, p. 29-48

MATSUMOTO, D. S. Mulheres e álcool: uma questão de gênero. Serviço Social e Saúde, 12(2), p. 237–257, 2015. DOI: https://doi.org/10.20396/sss.v12i2.8639497.

MOTT, L. R. B. A feira de Brejo Grande: estudo de uma instituição econômica num município sergipano do Baixo São Francisco. Tese de doutorado (Ciências Sociais). Campinas: UNICAMP, 1975.

OMS – Organização Mundial da Saúde. World mental health report: Transforming mental health for all. Online. 2022. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240049338. Acesso em 05 set 2023.

PAZERA Jr., E. A Feira de Itabaiana-PB: permanência e mudança. 2003. 201 f. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

PORTUGAL, F. B. Sofrimento psíquico na Atenção Primária: reflexos na qualidade de vida. Tese (Doutorado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2015.

SATO, L. Feira Livre. Organização, Trabalho e Sociabilidade. São Paulo: EDUSP, 2012.

SAWAIA, B. B. Trabalho e sofrimento ético-político IN: RAICHELIS, R.; VICENTE, D., ALBUQUERQUE, V(Orgs.). Trabalho e Serviço Social: configurações contemporâneas em tempos de crise. São Paulo: Cortez editora, 2018.

SILVA, T. S. et al.. Gênero e consumo de álcool entre jovens: avaliação e validação do Inventário de Conformidade com Normas Masculinas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 9, p. 3495–3506, set. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232018249.23952017

SIMÃO, M.; KERR-CORREA, F.; DALBE, I. Mulheres e homens alcoolistas: um estudo comparativo de fatores sociais, familiares e de evolução. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), p. 121-129, set. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/DTJdnrTmxgV9vB89MGzC7nC/. Acesso em: 13 ago. 2023.

STEVILY, A. K., et al. Drinking contexts and their association with acute alcohol-related harm: A systematic review of event-level studies on adults’ drinking occasions. Drug and Alcohol Review, 39(4), p. 309–320, 2020. DOI: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/dar.13042.

ZANELLO, V. Saúde Mental e Gênero: cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Appris, 2018.