Reflexões Críticas sobre a vida acelerada

Wallace da Costa Brito

Resumo


O artigo objetiva discutir a vida acelerada, ponderando tal fenômeno como habitual para os sujeitos contemporâneos. Parte-se da indissociável relação entre subjetividade e sociedade. Postula-se a mobilidade e a aceleração como expressões típicas da modernidade intensificadas nas últimas décadas, isto é, no contemporâneo. Encontramos amplamente difundida entre nós a sensação de falta de tempo em que a tensão se exibe como estilo frequente dos nossos modos de ser e viver. Aponta-se que a vida acelerada se vincula à falta de experiência, à procura pelo ter, ao predomínio da imagem e ao fluxo permanente. Vislumbra-se que a problematização, bem como a contraposição a este modo de ser pode se dar através da mobilização do pensar, do sentir e do agir, como atitudes correlacionadas que aqui são tomadas como imprescindíveis nesse contexto para ativar novos quereres e fazeres na busca por outros sentidos em nossas formas de conceber e vivenciar o tempo.


Palavras-chave


Vida acelerada; Tempo; Contemporaneidade; Individualismo; Vazio.

Texto completo:

PDF

Referências


ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

BERGERET, J. A personalidade normal e patológica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

BICCA, L. O mesmo e os outros. Rio de Janeiro: 7Letras, 1999.

BIRMAN, J. O sujeito na contemporaneidade: espaço, dor e desalento na atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

CARDOZO, J. De dentro do tempo blindado. Nova Iguaçu/RJ: Água Grande, 2000.

CARLOTTO, M. S.; CÂMARA, S. G.. Análise da produção científica sobre a síndrome de burnout no Brasil. PSICO, PUC-RS, Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 152-158, abr/jun 2008. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewArticle/1461. Acesso em: 12 de novembro de 2015.

CASTRO, F. G.. O fracasso do projeto de ser: burnout, existência e paradoxos do trabalho. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.

CUNHA, A. G. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

DEBORT, G. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

EWALD, A. P.; GONÇALVES, R. R.; BRAVO, C. F. O espaço enquanto lugar da subjetividade. Revista Mal-estar e Subjetividade. Universidade de Fortaleza, Fortaleza, v. 8, n. 3, p. 755-777, setembro 2008. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151861482008000300009&lnpt&nrm=iso>. Acesso em: 20 de março de 2016.

GIANNINI, E. Documentário Tempo e aceleração social na hipermodernidade. Roteiro e realização: Evie Giannini. Orientação: Jorge Coelho Soares. Rio de Janeiro: (UERJ/PPGPS), setembro 2012. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yTARiMPJYrg. Acesso em: 20 de março de 2016.

HAROCHE, C. A condição sensível: formas e maneiras de sentir no Ocidente. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2008.

HAROCHE, C. Maneiras de ser e de sentir na aceleração e a ilimitação contemporânea. Caderno Metropolitano, São Paulo, v. 13, n. 26, p. 359-378, jul/dez 2011. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/14758/10762. Acesso em: 20 de outubro de 2015.

LENINE, O. M. P.; FALCÃO, C. E. C. A. [compositores]. Paciência. In: LENINE, O. M. P. Na pressão. [S.I.]: Sony Music, p 1999. 1 CD (ca. 53 min). Faixa 3 (4 min 44 s).

LIPOVETSKY, G. A era do vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo. Barueri: Manole, 2005.

LIPOVETSKY, G.; CHARLES, S. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

MATOS, O. “Tempo sem experiência”. Documentário Invenção do contemporâneo. Série: experiências no tempo, curadoria: Olgária Matos. São Paulo: CPFL Cultura, 2009. 1 DVD, Fulscreen, son., color.

NUNES, D C. Trabalho, aceleração e mal-estar: a industrialização do tempo. Encontro Interdisciplinar de Saúde, 2, 2013. Palestra. Belford Roxo/RJ: UNIABEU Centro Universitário, 2013.

NUNES, D C. Clio, calíope, cairós: modernidade e utopia através de Moacyr Félix. Revista Uniabeu, UNIABEU Centro Universitário, Belford Roxo/RJ, v. 7, n. 16, p. 28-42, maio-agosto de 2014. Disponível em: http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RU/article/view/1374. Acesso em: 10 de novembro de 2015.

SEVERIANO, M. F. V.; ESTRAMIANA, J. L. A. Consumo, narcisismo e identidades contemporâneas: uma análise psicossocial. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2006.

SOARES, J. C. (Org.). Escola de Frankfurt: inquietudes da razão e da emoção. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

SOUZA, S. J. ; KRAMER, S. Apresentação. In: SOUZA, S. J. ; KRAMER, S. (Orgs.). Política, cidade, educação: itinerários de Walter Benjamin. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009, p. 7-15.