Entre imagem e escrita: a tatuagem como artefato à subjetividade

Indianara Maria Fernandes Ferreira, Gabriella Valle Dupim

Resumo


O hiperinvestimento do corpo na contemporaneidade produz mudanças na forma com a qual o sujeito lida e se relaciona com o próprio corpo. Nesse sentido, o presente artigo aborda o ato de tatuar cada vez mais presente no mundo contemporâneo e investiga, à luz da psicanálise, qual a função subjetiva da tatuagem para além de um adorno estético ou um fenômeno sociocultural, no campo das neuroses. Abre-se um diálogo com o longa-metragem intitulado "O Livro de Cabeceira", filme dirigido por Peter Greenaway, para pensar as três dimensões que se encontram engendradas no ato de tatuar, a saber: corpo, escrita e linguagem. 


Palavras-chave


Tatuagem; Corpo; Psicanálise

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