Navegar é preciso, viver é (im)preciso

Vívian Andrade Araújo Coelho, Alexandre Costa-Val, Rosimeire Aparecida da Silva, Cristiane de Freitas Cunha

Resumo


Este artigo se propõe a refletir sobre as respostas políticas e sociais que vêm sendo construídas no território nacional para lidar com o que hoje é conhecido como “o problema das drogas”. Partiremos da perspectiva histórica das políticas públicas voltadas para a assistência dos sujeitos que se drogam para, em seguida, fazer o tensionamento entre o que tem sido proposto atualmente e o que de fato ocorre na prática. Finalmente, discutiremos criticamente as dificuldades de apropriação de certas propostas pelo campo da saúde, valendo-nos da biopolítica como categoria de análise. A experiência dos Consultórios de Rua no município de Belo Horizonte será apresentada como uma possibilidade de intervenção no contexto da Saúde Coletiva à luz da Psicanálise.

 


Palavras-chave


Saúde mental; políticas públicas de saúde; redução de danos.

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