Psicologia do Trabalho: aspectos históricos, abordagens e desafios atuais
Resumo
Esse artigo apresenta aspectos da trajetória histórico-conceitual das relações entre a Psicologia e o Trabalho. Problematiza a emergência dessa interface no início do séc. XX e a noção de “campo” da psicologia do trabalho, considerando a heterogeneidade epistemológica, conceitual, metodológica e técnica dessa disciplina e seu caráter multi e interdisciplinar. Debate as variadas concepções de trabalho enfatizadas nessa área, conforme suas abordagens principais (organizacional, social e clínica). Parte-se de uma compreensão da história não como acontecimentos cumulativos, lineares e aglutinados no tempo, mas como movimentos eivados de contradições e controvérsias (Foucault). Por fim, são descritas algumas perspectivas e desafios atuais para a produção do conhecimento e desenvolvimento de novas possibilidades de intervenções e práticas profissionais no contexto brasileiro.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. A degradação do trabalho no século XX. (1974). Rio de Janeiro: LTR, 1987.
BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996.
CARVALHO, A. M. T. Trabalho e higiene mental: processo de produção discursiva do campo no Brasil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 6, n.1, p. 133-156, 1999.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social. Petrópolis: Vozes, 2008.
CHANLAT, J-F. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, 1996.
CODO, W. O papel do psicólogo na organização industrial (notas sobre o “lobo mal” em psicologia). In: LANE, S. T. M.; CODO, W. (Org.). Psicologia Social: O homem em movimento. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989, p. 195-202.
CLOT, Y. A função psicológica do trabalho. Petrópolis: Vozes, 2007.
DEJOURS, C. O fator humano. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
DEJOURS, C.; DERANTY, J-P. The Centrality of Work, Critical Horizons, v. 11, n. 2, p. 167-180, 2010.
ENRIQUEZ, E. Psicanálise e ciências sociais. Ágora, Rio Janeiro, v.8, n.2, p. 153-174, 2005.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.
FOUCAULT, M. Nietzsche, a Genealogia e a História. In: ______. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2000, p. 15-37.
LAURELL, A.C.; NORIEGA, M. Processo de Produção e Saúde. Trabalho e Desgaste Operário. São Paulo, Hucitec: 1989.
GAULEJAC, V. Gestão como doença social. Ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. SP: Ideias & Letras, 2007.
MÜNSTERBERG, H. Psychology and industrial efficiency. New York: The Riverside Press Cambridge, 1913.
ODDONE, I.; RE, A.; BRIANTE, G. Redécouvir l'experience ouvriêre (1977). Paris: Éditions Sociales, 1981.
ROSE, N. Psicologia como uma ciência social. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v.20, n.2, p. 155-164, 2008.
SANTOS, M. Território e Sociedade. Entrevista com Milton Santos. São Paulo: Editora da Fundação Perseu Abramo, 2000.
SCHEIN, E. A psicologia organizacional. Lisboa: Clássica LCE Editora, 1968.
SELIGMANN-SILVA, E. Crise Econômica, Trabalho e Saúde Mental. In: SELIGMANN-SILVA, E.; CAMON, V. A. A.; STEINER, M. H. F; SILVA, M. C. (Org.). Crise Econômica, Trabalho e Saúde Mental no Brasil. São Paulo: Editora Traço, 1986, p. 54-132.
SELIGMANN-SILVA, E. Desgaste mental no trabalho dominado. Rio de Janeiro: Cortês, 1994.
SCHWARTZ, Y. Anexo ao capítulo 1. Reflexões em torno de um exemplo de trabalho operário. In: DURRIVE, L.; SCHWARTZ, Y. (Org.) Trabalho & Ergologia. Conversas sobre a atividade humana. Niterói: Editora da UFF, 2ª ed., 2010, p. 37-46.
SCHWARTZ, Y. Manifesto por um ergoengajamento. In: BENDASSOLLI, P.F.; SOBOLL, L.A. (Org.). Clínicas do trabalho. Novas perspectivas para a compreensão do trabalho na atualidade. Atlas: São Paulo, 2011, p. 132-166.
SPINK, P. Organização como fenômeno psicossocial: Notas para uma redefinição da psicologia do trabalho. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 8, n.1, p. 174-192, 1996.
WEBER, M. A psicofísica do trabalho industrial (1908). São Paulo: Alphagraphics, 2009.
VERONESE, M. V. Na direção de uma psicologia social crítica do trabalho. Oficina do Ces, Portugal, n. 191, p. 1-32, 2003. Disponível em: . Acesso em 09 out. 2012.
ZANELLI, J C.; BASTOS, A. V. B. Inserção profissional do psicólogo em organizações e no trabalho. In: ZANELLI, J.C; BORGES-ANDRADE, J. E, BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto alegre: Artmed, 2004. p. 466-491.
ZANELLI, J. C. Movimentos emergentes na prática dos psicólogos brasileiros nas organizações de trabalho: implicações para a formação. In: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicólogo Brasileiro. Práticas emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Ed. Casa do Psicólogo. 1994, p. 101-194.